Família Aroni

[Postado originalmente em 29/08/2017. Atualizado em 15/02/2023]

 

Caros leitores,


Hoje trago um resumo sobre a família italiana de sobrenome Aronne (abrasileirado para Aroni), com origens na comuna de Mormanno, província de Cosenza, e que emigrou para o Brasil no século XIX. Mormanno é uma pequena cidade, distando cerca de 98 km da capital Consenza, comuna de mesmo nome da província.

Importante salientar que este artigo irá tratar especificamente sobre a família do italiano Nicola Luigi Aronne (abrasileirado para Nicolau Aroni), italiano emigrado para Minas Gerais e que foi o responsável por disseminar o sobrenome neste estado.

 

ITÁLIA


A história desta família começa com Luigi Aronne, italiano nascido em 18 de agosto de 1833, em Mormanno, província de Cosenza, filho de Nicola Aronne e Ana Rosa Perrone. Luigi casou-se em 27 de maio de 1862, em Torraca, província de Salerno, com Agnese Cesarino (abrasileirado para Inês Cesarina), filha de Domenico Cesarino e Antonia Cernecchiaro, nascida em 1 de dezembro de 1836, em Torraca. Tiveram ao menos um filho chamado Nicola Luigi Aronne (abrasileirado para Nicolau Aroni, por vezes Nicolau Luiz Aroni), protagonista deste artigo e nascido em 24 de fevereiro de 1863, também em Torraca.


MINAS GERAIS


No início da década de 1870, Agnese Cesarino emigrou para o Brasil com o filho Nicolau Aroni, estabelecendo-se na cidade de Santa Rita de Ibitipoca, estado de Minas Gerais. O relato oral da família conta que Luigi Aronne, marido de Agnese, mandou a esposa para o Brasil, para posteriormente encontrá-la. Entretanto, algum tempo depois, ao chegar em terras tupiniquins, encontrou Agnese grávida de outro homem. Decepcionado com a descoberta, voltou para a Itália e nunca mais deu notícias. O filho que Agnese carregava no ventre tratava-se de Bartolomeu Marcílio Barra, meio-irmão de Nicolau Aroni. Apesar de Bartolomeu não ter sido registrado pelo pai, pode-se concluir que era filho de um dos italianos de sobrenome Barra que residiam em Santa Rita de Ibitipoca. Sobre Agnese Cesarino (Inês Cesarina no Brasil), desconheço a data de seu óbito, mas sei que ainda estava viva em 1896, residindo em Santa Rita.

Estabelecido no Brasil, o italiano Nicolau Aroni teve uma vida agitada, tendo se envolvido com a política local de Santa Rita de Ibitipoca e participado de algumas contendas. Foi secretário de Prudente Carvalho Duarte, presidente do diretório do partido republicano de Santa Rita. Amasiou-se no início da década de 1890 com Benvinda Cecília de Jesus, mulher parda, nascida por volta de 1868, filha natural de Philomena Cecília de Jesus. Tiveram os seguintes filhos:


1. João Aroni, nascido em 24 de abril de 1891, em Santa Rita de Ibitipoca. Faleceu por volta de 1911.

2. José Luiz Aroni, nascido em 07 de julho de 1893 e batizado em 17 de setembro de 1893, em Santa Rita de Ibitipoca. Teve como padrinhos Raphael Carlos e sua avó Inês Cesarina. Casou-se com Alpina Amélia da Fonseca, filha de Paulino Motta Alves da Fonseca e Rita Cássia da Cunha, em 29 de julho de 1925, em Bom Jardim de Minas, MG. Foi comerciante em Bom Jardim, tendo falecido nesta cidade aos 46 anos em 03 de novembro de 1939. Tiveram 2 filhos: Vicente Arone e Maria Tereza Arone.

3. Pedro Aroni, nascido em 11 de agosto de 1895, em Santa Rita de Ibitipoca. Casou-se com Regina Barra, filha de Joaquim Criminal da Silveira e Maria Barra da Conceição. Era guarda civil municipal na cidade de Juiz de Fora, MG. Faleceu aos 74 anos por volta de 1969. Tiveram 9 filhos: Tereza Aroni, Nicolau Aroni, Pedro Aroni, José Geraldo Aroni, Ulisses Aroni, Glória Aroni, Eunice Aroni, Cecília Aroni e Rita Aroni (falecida quando criança).

4. Luiz Aroni, casou-se com Conceição Dias Mattoso por volta de 1912. Conhecido como “Lulu”, foi vereador em Santa Rita de Ibitipoca e era integrante da banda da cidade. Faleceu em 25 de junho de 1973, em Juiz de Fora, MG. Não deixou descendência.

5. Maria Antônia Aroni, falecida por volta dos 15 anos.

 

TRAGÉDIA NA FAMÍLIA


Em 22 de abril de 1912, no povoado do Vermelho (atual Bom Jesus do Vermelho), distrito de Santa Rita de Ibitipoca, Nicolau Aroni foi abordado por um homem de nome “João Baptista”, que se hospedou em sua casa. Posteriormente, os dois dirigiram-se para cidade de Santa Rita, e enquanto andava a cavalo, Nicolau foi alvejado pelas costas com 10 tiros disparados de um revólver Mauver por João Baptista, caindo já morto do cavalo. O homem roubou o dinheiro e documentos de Nicolau e atirou seu cadáver em uma vala. Posteriormente, o homem retornou à casa de Nicolau, e mentiu para sua esposa e filhos, dizendo que ambos foram emboscados na estrada por malfeitores. Instantes depois, o cavalo do falecido Nicolau chegou na casa desacompanhado de seu cavaleiro, o que gerou a desconfiança de seus filhos, que prenderam o assassino e foram procurar por seu pai, encontrando seu corpo na estrada que ligava o povoado do Vermelho à Santa Rita de Ibitipoca. João Baptista foi conduzido para a cidade de Santa Rita para ser preso e julgado, todavia encontrou a ira da população local, que enfurecida, linchou o assassino.

 

A VIÚVA BENVINDA


A companheira Benvinda Cecília de Jesus, alguns anos mais tarde, foi morar com o filho Pedro Aroni, em Juiz de Fora, vindo a falecer em 11 de outubro de 1943 nesta cidade, aos 75 anos. Benvinda teve uma filha fora de seu amasiamento com o João Ernesto Barra, chamada Maria da Conceição Barra, nascida em 06 de outubro de 1898, em Santa Rita de Ibitipoca. Na mesma cidade, Maria casou com com José Tourinho de Oliveira, filho de Joaquim Tourinho de Oliveira e Alice Amélia Garcia. Para mais informações sobre essa família, basta clicar aqui.

 

VARIAÇÕES DO SOBRENOME


O sobrenome originalmente era ARONNE. Entretanto, houve corruptela no Brasil para os descendentes, transformando-se em ARONI E ARONE.

 

COLABORADORES


Leila Regina Aroni Grizende; Tereza Aroni; Sueli Arone; Ana Regina Gomes; Tereza Christina Gomes; Lêda Eunice Aroni; Regina Aroni Souza;


FOTOS E IMAGENS



Óbito de Nicolau Aroni sendo 
noticiado pela imprensa 
Fonte: Hemeroteca Digital Brasileira 
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Foto original de Nicolau Aroni à esquerda e uma 
tentativa de restauração no photoshop à direita. 
Créditos: Leila Regina Aroni Grizende
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José Luiz Aroni
Créditos: Sueli Arone
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Vicente Arone e Maria Tereza Arone, filhos de José Luiz Aroni 
Créditos: Sueli Arone
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Vicente Arone e a esposa Adélia
Créditos: Sueli Arone 
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Pedro Aroni e a esposa Regina Barra
Créditos: Leila Regina Aroni Grizende e
 Regina Aroni Souza
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Pedro Aroni, com a filha Tereza Aroni e a neta Sônia
Créditos: Ana Regina Gomes
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Filhos de Pedro Aroni
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Nicolau Aroni, filho de Pedro Aroni, e a esposa Eugênia
Créditos: Lêda Eunice Aroni 
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Ulisses Aroni, filho de Pedro Aroni e a esposa Marta 
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 Glória Aroni, filha de Pedro Aroni
Créditos: Ana Regina Gomes 
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Eunice Aroni, filha de Pedro Aroni, e o esposo Waldemar 
Créditos: Leila Regina Aroni Grizende 
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Um comentário :

  1. Boa noite. Acho que Agnese Cesarino pode ser sobrinha da minha trisavó Anna Cesarino que nasceu em Torraca em 1836 ou 1844. Um dos irmãos de Anna Cesarino se chamava Domenico Cesarino e era mais velho que Anna. 4 irmãos vieram para o Brasil, uns vieram antes de 1860 e Anna veio entre 1876 e 1880. Anna e irmão fixaram em Campanha-MG e dois foram para o Nordeste (Paraiba e Rio Grande do Norte).

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