Abaixo-assinado de Santa Rita de Ibitipoca - 1841

Caros leitores

Hoje trago a transcrição de um abaixo-assinado de moradores da cidade de Santa Rita de Ibitipoca, Minas Gerais, publicado no jornal carioca "O Maiorista", em 1841, dirigido a Dom Pedro II. A cópia do jornal está no acervo online do Arquivo Nacional. Segue a transcrição do abaixo-assinado, com pequenas adaptações gramaticais para os tempos atuais, mas sem alterar o sentido original. Ao final, após a transcrição completa, estão reorganizados os signatários do documento por ordem de sobrenome. Vale ressaltar que não necessariamente serão da mesma família, todavia, creio que isso possa dar um novo panorama para alguns pesquisadores.

Abaixo publicamos várias representações dos povos da província de Minas Gerais, dirigidas ao Senhor D. Pedro II, e pedindo-lhe em nome da salvação do Brasil a demissão do ministério absolutista e traidor, cuja continuação à frente dos negócios públicos há se tornado uma calamidade nacional. O número avultadíssimo de assinaturas, que revestem estas representações feitas no meio mesmo dos perigos da perseguição atroz, que espera a todo adversário ostensivo de um governo facioso (subversivo) e terrorista; o caráter e posição social dos signatários, que os põe a salvo da suspeita de terem sido movidos por outros impulsos, que não fossem os de suas convicções e do patriotismo mais puro; estas e outras circunstâncias, dão àquelas manifestações da opinião pública uma importância e transcendência, as quais ainda não se tinha visto em outro período algum da história de nossos direitos combatidos. 

Honra e glória aos bravos Mineiros, que a vista da constituição e do país em crise, correm através de todos os terrores a patentear a verdade ao Monarca com a firmeza e lealdade próprias de um povo livre! Milhares de outras assinaturas se anunciam para representações idênticas à estas no resto da província. Bem depressa, de uma extremidade a outra, Minas Gerais se levantará, como um hino de triunfo, um concerto magnífico das vozes da população inteira, protestando contra o absolutismo, e entoando vivas à constituição, e ao Imperador coato (que foi coagido)! Assim se acham burlados os cálculos infames da facção, que contava sobre o sono do espírito público, sobre a extinção de todo o sentimento de liberdade entre os Brasileiros, sobre o egoísmo e imoralidade, que ela infiltrara nas veias da sociedade como um veneno soporífero, sobre as violências sistemáticas de sua política, para com toda a segurança fundar o edifício de seu domínio perpétuo. Mas a nação acordou, e esse domínio é de ora em diante, impossível. 

Que! Pois cuidáveis, que rasgareis em pedaços a constituição do estado, já pela reforma do código, que extorquistes escandalosamente ao voto de uma assembleia ávida e corrupta, já pelos atos inauditos de proscrição e vandalismo, com que ultrapassando os crimes das ditaduras revolucionárias, tendes atropelado e esmagado tantas províncias; E que o Brasil, sofreria mudo o espetáculo prolongado desses atentados contra seus direitos, sem elevar suas vozes até o trono? Pois cuidáveis ter-nos já trazido a tal ponto de degradação moral e política, que deixássemos uma facção destruir nossas garantias, descarregar o machado da reação sobre povoações em massa, despovoar províncias pelo recrutamento, delapidar nossas finanças, repartir por seus satélites os despojos do povo empobrecido; e que víssemos tudo isto, engolfados em uma letárgica indiferença? A não! Isso era impossível em um povo que crê no futuro, e na liberdade, e que pugna a quase um quarto de século, pela manutenção de seus foros.

O que direis agora, que começam a aparecer de toda a parte os protestos da opinião contra vossa existência, protestos que serão seguidos em breve pelos de São Paulo, de Pernambuco, da Bahia, daquelas províncias enfim, em que é ainda permitido falar e pensar? Direis que isso vos não importa; que continuareis sem embargo do voto das províncias a oprimir-nos. Di-lo-eis, porque não tendes o mínimo pudor, o mínimo respeito para a opinião dos povos, que sempre tratastes de alterar e corromper, e nunca de conciliar; Di-lo-eis, porque não sois um governo regular e legal, porém sim um magote de oligarcas intrusos e faciosos, que tendo-se apoderado do poder e do Monarca, não reconhecem mais nem a lei, nem princípios, nem pátria, mas unicamente o seu sórdido interesse.

Entretanto, brasileiros, verdadeiros amigos da monarquia com constituição, da ordem com liberdade, redobrai de zelo e de esforços; continuai a representar ao nosso adorado soberano contra os autores de nossos desastres, e de nossas discórdias! O dia não está longe, em que ele vós fará justiça plena e completa. Para isso é mister que todas as inteligências se coliguem, todas as esperanças se reanimem, todas as atividades se combinem e a constituição terá ainda uma vez mais, o seu dia de triunfo!

SENHOR! É chegado o tempo em que V. M. I. pela benéfica influência da realeza constitucional pode salvar-nos. Não deixeis que a opressão e o espírito de vindicta (vingança), disfarçados sob a aparência de princípios de ordem, esfalfem (esgotem) a paciência de vosso povo, que vos adora como o seu anjo tutelar  e pai comum. Os abaixo assinados, habitantes da Freguesia de Santa Rita, município de Barbacena, vem, Senhor, reforçar pelas suas súplicas, os votos da câmara municipal, que são os nossos. Não podemos ver a constituição que juramos retalhada, a lei afrontosamente calada aos pés pelos mais frenéticos partidistas do atual gabinete; nossas garantias, e mais sagrados direitos nulificados por uma maioria parlamenta, faciosa (subversiva) e repulsada pela opinião nacional. Basta Senhor, de tantos escândalos e insultos feitos a vontade nacional. Marcai o paradeiro à tantos desregramentos. De vós, e só de vós, esperamos pronto remédio para o presente, e sobretudo, para o futuro, que parece despontar medonho. Não nos desampareis, Senhor!

Deus guarde a V. M. I. como ao Brasil é mister. 

O vigário José Joaquim de Almeida

Pedro Dias da Silva - Tenente da Guarda Nacional e Juiz de Paz

Antônio Rodrigues da Fonseca - professor de primeiras letras

Manoel Pires de Oliveira - capitão

Francisco José Machado

Francisco Pires de Mendonça

José Machado de Moraes

Antônio Alves Vieira

João de Almeida Ramos

Joaquim Antônio de Castro

Domingos F. de Salles (Domingos Francisco de Salles)

Francisco Lourenço Pires

João Fortes da Silva - Alferes

Ignácio Alves Vieira

Francisco de Assis Pereira

Manoel Ferreira Ribeiro

Vicente Ferreira Ribeiro

Marcelino José da Silva

Marcelino Gonçalves de Almeida

João Bento Nogueira

Querino José da Silva

José Ferreira Marques

Francisco Teixeira Nogueira

João Francisco Ramos

João Bento Pinto

Manoel Gonçalves de Moraes

José Maria Rodrigues

João Antônio da Silva

Antônio Ferreira Leite

Francisco Martins de Assis

Joaquim Martins Flauzino

Manoel Eugênio de Almeida

Francisco Pereira das Chagas

José Cândido Pires

Joaquim Garcia de Mattos

Manoel Pereira da Silva

Luiz Pires do Carmo

José Antônio de Amorim

José Garcia Pereira

Manoel Dias da Silva - Alferes da Guarda Nacional

Domingos Pinto da Silva e Almeida

José Antônio Ribeiro

Manoel Bento Nogueira

João Antônio Dias

João de Castro Barbosa

João Pereira dos Santos

Antônio Marques Temudo Júnior

Thomás Francisco Pires

Joaquim Antônio Soares

José Pinto de Miranda

Silvério José da Rosa

Alexandre Lemes do Prado

José Joaquim da Silva

Agapito de Souza Ribeiro

Carlos José Ferreira

Francisco Antônio da Fonseca

José Joaquim da Silva - Tenente

Francisco Maximiano da Silva

Dimas Cassimiro da Silva

José do Egypto de Andrade

Antônio Gonçalves Bahia

Antônio Marques Temudo

Antônio Neto Carneiro

Antônio José Coelho - Guarda-Mór

João Martins Coelho

Manoel Veríssimo Duque

Inocêncio José Lopes - Alferes

José Barbosa da Silva

Antônio José da Silva

Francisco José Franco

Manoel Antônio de Souza

Joaquim Anselmo Coelho - Padre

Floriano José da Silva - Alferes

Francisco Antônio da Fonseca - Juiz de Paz

Domingos José da Silva Manso

Francisco de Salles e Almeida

Carlos José Gomes do Nascimento

José Mendes Barreto

João Alves de Araújo

Raimundo Pinto de Miranda

João Esteves dos Reis - Juiz de Paz

José Ferreira Meirelles

Francisco Alves Calheiros

Antônio Alves de Oliveira

Francisco Lopes Pereira

Joaquim Gonçalves Soares

Joaquim Alves de Araújo

Manoel Pedro da Silva Pereira

José Dias Fortes

Francisco das Chagas Ribeiro

Felisberto Ribeiro Soares

Joaquim Ribeiro Soares

Joaquim Antônio de Amorim

Manoel Luiz Coelho

Manoel Esteves dos Reis

João Lopes da Silva

Vicente Antônio dos Santos

João Ribeiro de Almeida

Francisco Antônio dos Santos

Antônio José dos Reis

Clementino José do Carmo

Manoel Matolla de Miranda

Manoel Bernardes de Almeida

Antônio Ribeiro de Almeida

José Baptista dos Santos

Francisco Maximiano de Oliveira

Raimundo Gonçalves Bahia

José Francisco de Souza

Manoel Joaquim Baptista

Francisco Gonçalves Bahia

José Joaquim Franco 

Domingos Fortes de Almeida

Joaquim Vital de Oliveira

Francisco Pinto de Miranda

José Pinto de Miranda Júnior

Antônio de Pádua de Almeida

Manoel Antônio de Freitas

Francisco Luiz Coelho

Manoel Jacintho de Oliveira

José Antônio da Fonseca

Marcelino José de Faria

Joaquim Pereira Lisboa

Joaquim Ferreira Meirelles

Thomás de Aquino Alves

Antônio da Silva Braga

João Antônio Machado

Francisco José do Nascimento

Cyprianno Garcia de Oliveira

José Pedro dos Santos

José Felício dos Santos

Manoel Pedro dos Santos

José Pedro de Andrade e Silva

Antônio Victorianno

Manoel Cordeiro de Araújo

Lúcio Ribeiro

Pedro de Alcântara Lopes

Cândido José Machado

Manoel Pinto Coitinho (imagino que seja Manoel Pinto Coutinho na verdade)

Antônio Gomes de Figueiredo

Manoel da Costa de Amorim

José Ribeiro de Freitas

José Francisco Vaz

Francisco Gonçalves dos Reis

João Baptista de Faria

Joaquim Gomes da Silva

Francisco Bento Nogueira - Capitão

Manoel José da Silva

Manoel Antônio da Fonseca - Tenente da Guarda Nacional

Narciso Ferreira Ribeiro - Guarda-Mór

João de Almeida Ramos

Carlos José Duarte

José Corrêa Pinto

José de Almeida Ramos

Manoel Fagundes do Nascimento - Proprietário

David José Franco

Fructuoso Neto Carneiro - Juiz de Paz

José Esteves Pires

Severino José do Nascimento - Tenente da Guarda Nacional

Manoel Neto Ribeiro - Guarda Nacional

Joaquim Ferreira Pereira - Guarda Nacional

José Nunes de Oliveira - Guarda Nacional

Joaquim José Coimbra - Alferes da Guarda Nacional

Manoel Antônio Ferreira - Alferes

Luiz Antônio da Fonseca

Manoel Francisco Neto  - Guarda Nacional

Bento José Afonso - Guarda Nacional

Antônio Rodrigues Souto - Guarda Nacional

José Poncílio de Oliveira - Guarda Nacional

José Dias do Nascimento

Antônio Rodrigues

Joaquim Antônio Afonso

Modesto Nunes de Oliveira

José Pinto de Sá

Manoel Rodrigues Pereira

Manoel Baptista da Silva

Antônio José Rodrigues

Custódio José dos Santos

Antônio Joaquim da Silva

Manoel Felipe Borges - Guarda Nacional

Antônio Gonçalves do Nascimento - Guarda Nacional

Antônio José da Silva - Guarda Nacional

Manoel Francisco Pires

Flávio de Araújo Ferreira - Guarda Nacional

Francisco Claro da Boa Morte

Cyprianno Garcia de Oliveira 

José Garcia Pereira 

Joaquim Garcia de Mattos 

Joaquim Antônio Soares 

Joaquim Gonçalves Soares 

Felisberto Ribeiro Soares 

Joaquim Ribeiro Soares